Eleição 2024 em SC se desenha com reviravoltas e ineditismos nas 10 maiores cidades

Eleição 2024 em SC se desenha com reviravoltas e ineditismos nas 10 maiores cidades

Estado

Reta final das convenções municipais define candidatos à prefeitura municipal dos 295 municípios de SC; confira a situação nas 10 cidades mais populosas do Estado

O dirigente de um dos principais partidos de Santa Catarina exclamou, aos risos, pouco depois de se despedir do ex-presidente Jair Bolsonaro, que havia ligado para ele pressionando por apoio: “Vou ter que desligar o telefone, senão daqui a pouco até o Trump vai me ligar!”. A frase resume a intensidade das negociações na reta final das convenções municipais que definiram os pré-candidatos nas prefeituras do Estado.

Telefones tocaram e conversas aconteceram até o final da noite de 5 de agosto, o prazo final. Até o próximo dia 15, quando os registros de candidaturas devem ser efetivados no site do TSE, ainda há movimentos para acontecer. E, tratando-se do que se viu nas últimas semanas em SC, a tendência é que surpresas ocorram até o último momento possível. Somente no recorte das 10 maiores cidades do Estado, houve uma série de reviravoltas, surpresas e ineditismos.

Na reportagem, saiba os bastidores e como se desenhou a eleição de SC que pode ser tratada como o primeiro turno de 2026, tanto na disputa para o governo catarinense como também da eleição presidencial.

Joinville, o favoritismo de Adriano

De azarão em 2020 para favorito em 2024. De isolado há quatro anos para a maior chapa quatro anos depois. É o que resume Adriano Silva (Novo) em Joinville. Pré-candidato à reeleição, Adriano conseguiu reunir sete siglas mesmo sem entregar a cadeira de vice, que continuará com Rejane Gambin (Novo). O PSD, por exemplo, decidiu apoiar o atual prefeito pensando em 2026, quando quer montar uma frente de partidos para disputar o governo do Estado. O União Brasil também seguiu pelo mesmo rumo. Ambos embarcados no favoritismo de Adriano.

Para tentar inverter a lógica estabelecida, outros grandes partidos decidiram encarar o jogo contra o Novo. O PL do governador Jorginho Mello terá o deputado estadual Sargento Lima na cabeça de chapa. Houve especulações até o último instante de que Jorginho cederia e tiraria Lima do jogo. Mas não tirou.

O MDB queria o também deputado estadual Fernando Krelling na disputa, como foi em 2020. Só que Krelling resistiu tanto que indicou Luiz Cláudio Gubert para a missão. Pela esquerda, o ex-prefeito Carlito Merss disputará pela oitava vez a prefeitura de Joinville. Anelisio Machado (Progressistas) e Rodrigo Bornholdt (PSB), outros velhos conhecidos da cidade, fecham a lista do maior município de SC.

Florianópolis, as duas corridas

Na Capital do Estado, os eleitos em 2020 agora estão em trincheiras diferentes, o que movimentou o jogo em poucos dias. Uma eleição até considerada de favoritismo total para o atual prefeito Topazio Neto (PSD) ganhou ingredientes que apontam para dois turnos com o racha do pessedista com o ex-prefeito Gean Loureiro (União Brasil).

Há quatro anos, Gean foi reeleito prefeito com Topazio de vice. Porém, Gean não gostou da falta de espaço na gestão do atual prefeito e passou a fazer críticas públicas ao ex-aliado. Assim, vai apoiar Dário Berger (PSDB), que voltou ao ninho tucano.

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O ex-prefeito de Florianópolis e de São José reforçou a chapa com o União Brasil e contará com Maria Claudia Goulart, indicada por Gean para ser a vice. Já Topazio terá Maryanne Mattos (PL), indicada por Jorginho Mello, para a dobradinha. O governador está com olhar atento para a eleição da Capital. O filho dele, Filipe Mello, será o coordenador da campanha de Topazio/Maryanne.

Na esquerda, duas chapas estão desenhadas com o ex-vereador Lela (PT) e o deputado estadual Maquito (PSOL). Apoiadores de ambos queriam eles juntos em busca do segundo turno na Capital. Conversas aconteceram, mas ninguém cedeu.

Quem também não cedeu foi Pedrão (Progressistas), que chegou a ser procurado por Gean. O ex-vereador do Progressistas descartou ceder a cadeira de vice, ocupada pelo Coronel Pontes, ex-comandante-geral da PM-SC.

Entre os nanicos, fecham a lista da Capital: Carlos Muller (PSTU), Mateus Souza (PMB) e Rogério Portanova (Avante).Os planos de Beto Martins, novo Senador de Santa Catarina

Blumenau sem surpresas

Depois de um barulho alto no período pré-convenções, a eleição de Blumenau não teve surpresas quando o martelo precisava ser batido. O PL de Jorginho surpreendeu apenas lá atrás, quando filiou Egídio Ferrari, antes a caminho do MDB, para disputar a eleição blumenauense. A vice acabou sendo Maria Regina Soar (PSDB), a preferida do prefeito Mário Hildebrandt (PL) para concorrer à cadeira dele. Na queda de braço com o governador, Hildebrandt preferiu ceder e se aliar.

Pelo Novo, o promotor Odair Tramontin tentará outra vez. Em 2020 ele beliscou, mas não levou a vaga no segundo turno. Em 2022, disputou o governo de SC e ficou distante. Agora, volta à prefeitura de Blumenau com o PSD de vice, na aliança estadual entre o Novo e os pessedistas, assim como ocorre em Joinville.

Na briga por manter liderança, MDB terá candidatos a prefeito ou vice em 259 cidades

A deputada federal Ana Paula Lima (PT) tentará, mais uma vez, seguir o caminho do marido, Décio Lima (PT), que foi duas vezes prefeito da cidade. A esquerda também terá Rosane Martins (PSOL) na disputa. Por fim, o deputado estadual mais votado em 2018, Ricardo Alba, que não se elegeu deputado federal em 22, concorrerá pelo Podemos.

São José e a luta pelo bolsonarismo

A quarta maior cidade catarinense enxergou na pré-campanha uma tônica que tende a se repetir na campanha: os principais nomes da disputa tentando se agarrar ao bolsonarismo.

O atual prefeito de São José e pré-candidato à reeleição, Orvino Coelho de Ávila (PSD), adotou os discursos alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A adversária dele, Adriana Dal Pont (PL), antes aliada de Orvino, também busca a mesma linha de votos, e disputará com chapa pura e o apoio de Jorginho.

Filhos de Bolsonaro e Jorge Seif disputarão eleições em SC

O PT terá Antônio Battisti como pré-candidato. Ele chegou a desistir por motivos de saúde, mas vai disputar a eleição. O terceiro colocado em 2020 na eleição de São José, Moacir da Silva (Podemos), também está na corrida. A pré-candidata do Novo, Vanessa Milis, fecha a lista josefense.

Itajaí e a primeira vez sem eles

Desde 1997, Itajaí enxergou um revezamento de famílias no comando da cidade. Entre Jandir Bellini e Volnei Morastoni, as trocas foram ocorrendo ao longo dos anos. Esta eleição de 2024 será a primeira desde então que não terá as duas famílias ou os dois nomes na disputa. O caminho aberto intensificou as negociações e colocou nomes fortes na disputa. O deputado federal Carlos Chiodini (MDB), antes estabelecido em Jaraguá do Sul, se mudou para Itajaí com a intenção de disputar a prefeitura e substituir o colega de partido, Volnei Morastoni.

O PSD aposta no jovem Osmar Teixeira, que terá o presidente da Câmara, Marcelo Werner (Republicanos), como vice. Pelo PL, a dobradinha Robison Coelho e Rubens Angioletti nasceu depois de muita conversa. Jorginho decidiu que uma pesquisa decidiria quem seria o candidato a prefeito. Foi praticamente empate técnico, mas com leve tendência a Robison, o que deu a ele a condição de ser o cabeça de chapa. Pelo PT, João Paulo Tavares Bastos vai disputar a eleição.

Chapecó, a surpresa do Oeste

O atual prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), conseguiu aglutinar partidos e, mesmo assim, montar uma chapa pura. Levou para dentro do projeto, por exemplo, o Progressistas, segunda maior sigla de SC, e o MDB, o maior partido em prefeituras, que tinha pré-candidato e decidiu nos últimos dias apoiar o pessedista. Com um favoritismo desenhado, viu de camarote uma mudança inesperada ocorrer: o PT mudou de pré-candidatura nas últimas horas de convenção.

Saiu o deputado Padre Pedro para entrar o deputado federal Pedro Uczai. A vice será a deputada estadual Luciane Carminatti. Uma chapa considerada de peso para encarar o favoritismo de João. Pedro e Luciane decidiram disputar depois que Padre Pedro recuou. Com projetos pessoais para 2026, o deputado federal e a deputada estadual enxergam a eleição de Chapecó como uma oportunidade política. Pelo Novo, o pré-candidato é Dadá Westphal.

Palhoça e a reedição de 2020

Adversários em 2020, Eduardo Freccia, agora no PL, e Luciano Pereira, agora no PSD, voltam a se enfrentar em Palhoça. Freccia venceu há quatro anos, e tenta a reeleição. Luciano foi candidato a deputado federal em 2022. Por trás de ambos, dois deputados estaduais colocam as fichas em cada um dos pré-candidatos. Camilo Martins (Podemos), ex-prefeito de Palhoça, dá a estruturação a Freccia, enquanto Sérgio Guimarães (União Brasil) está ao lado de Pereira. A mulher de Guimarães, Dayane, é a vice na chapa. Fecham a lista de Palhoça o pré-candidato do PDT, Gilliard Martins, e a pré-candidata do PT, Tânia Slongo.

Criciúma, a batalha do Sul

Talvez esteja no Sul do Estado uma das eleições que deve ter a disputa mais intensa entre as maiores prefeituras do Estado. E os bastidores contribuem para isso.

O atual prefeito Clésio Salvaro (PSD) lançou o ex-secretário da Fazenda da prefeitura Vaguinho Espíndola. Mas, antes disso, Salvaro apostava no vereador Arleu da Silveira, que não emplacou e foi substituído. O principal adversário de Espíndola é o deputado federal Ricardo Guidi (PL), que mudou-se do PSD para o PL com a bênção de Jorginho justamente porque os pessedistas preferiram apoiar outro nome.

Pelo MDB, Paulo Ferrarezi foi confirmado mesmo após as especulações de que ele seria o vice de Guidi. No Progressistas, Júlio Kaminski é o pré-candidato. Ele também chegou a ser cotado para ser vice, mas de Espíndola. Fecham a lista os pré-candidatos do PT, Arlindo Rocha, e do Solidariedade, Jorge Godinho.

Jaraguá e o ex-vice

Depois que Antídio Lunelli (MDB) deixou o comando da prefeitura de Jaraguá do Sul, em abril de 2022, para disputar as eleições de 2022, o vice assumiu. Desde então, Jair Franzer é quem chefia o Executivo na cidade. E ele irá à reeleição. O PL de Jorginho decidiu lançar o empresário Edson Junkes, cotado para entrar forte na brigar.

Uma das principais novidades da eleição na cidade é a pré-candidatura de Manu Wolff (Podemos) com o PT de vice. Manu foi braço-direito de Antídio na prefeitura e secretária municipal. Chegou a ocupar um cargo no governo do Estado por indicação do ex-prefeito que agora é deputado estadual. Mesmo assim, ela decidiu sair do projeto e se lançar pré-candidata. O Progressistas aposta na ex-senadora Níura Demarchi, enquanto o Novo terá Mario Felippi na corrida de Jaraguá. Fecham a lista Diego Ribeiro (Rede) e Jailson Elert (PRTB).

Lages e a segunda tentativa

Depois de perder a eleição de 2020 por 56 votos, Carmen Zanotto (Cidadania) vai novamente disputar a prefeitura de Lages. A deputada federal seguiu o pedido de Jorginho Mello, que deve levá-la para o PL após a eleição. Ele terá Jair Junior (Podemos) como vice, um vereador conhecido por ser oposição ao atual prefeito, Antonio Ceron (PSD).

O PSD, aliás, não terá nome na disputa de 2024. O partido apoiará o ex-procurador-Geral de Justiça Lio Marcos Marin (União Brasil). Ele se aposentou no começo deste ano para disputar a eleição na Serra. O Novo indicou o vice na chapa.

A outra peça que tem chamado a atenção na eleição de Lages é Elizeu Mattos (MDB), o ex-prefeito que chegou a ser preso em 2014 e ficou 10 meses afastado do cargo. O PT também terá um nome na urna: é Cláudia Bratti (MDB). Já o PCO vai lançar Leandro Borges, que em 2022 foi candidato ao governo de SC.

Fonte: NSC

João Vianna

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