Praias brasileiras ganham novo cenário com alargamento da faixa de areia
A recuperação das faixas de areia tem sido cada vez mais frequente nas praias brasileiras. E, pelo resultado surpreendente, ganha cada vez mais entusiastas. Em 2019, moradores e turistas da Praia de Iracema, em Fortaleza, foram presenteados. Em seguida, em 2020, foi a vez de Balneário Camboriú, litoral norte catarinense, onde 5,8 km de praia foram contemplados, passando a faixa de areia de 25 metros, em média, para 70 metros. Na sequência, outros locais foram beneficiados com a engorda, como Balneário de Matinhos, no litoral paranaense, onde foram depositados cerca de três milhões de metros cúbicos de areia na orla; e, recentemente, a Praia de Meaípe, no município de Guarapari, no Espírito Santo.
E em todas essas cidades, a parte dos trabalhos que mais chama atenção na obra é o realizado pela draga que leva areia até a orla. Em todas as praias acima, ele foi executado pela empresa Jan De Nul do Brasil.
Segundo Dieter Dupuis, Diretor Geral da Jan De Nul do Brasil, o movimento gerado pela dragagem chama a atenção, não apenas dos moradores, como também de turistas. “Em todos os Balneários, independente da área a ser ampliada, é necessário atividades que antecedem o início da dragagem, desde as tubulações de recalque a serem colocadas e dispostas na areia e no mar, o isolamento obrigatório da área e o trabalho da draga propriamente dita”, explica.
Em Balneário Camboriú, por exemplo, a Draga utilizada foi a Galileo Galilei, a mesma utilizada no litoral paranaense. Por sua vez, a draga que fará o trabalho na Praia de Meaipe será a draga auto transportadora de arrasto e sucção Ortelius.
Essa draga, uma das mais novas da frota versátil do Grupo Jan De Nul, construída em 2020, possui potência total embarcada de 7.700kW e capacidade nominal de cisterna de 6.000 m³, dotada do sofisticado sistema ULev, capaz de filtrar gases exaustores e nanopartículas (99%), garantindo emissões atmosféricas “ultra-reduzidas”, demonstrativo da aptidão do Grupo Jan De Nul em inovar e estabelecer novos patamares no setor marítimo.
“A estrutura de obra é a mesma”, salienta Dupuis. “Para o processo de dragagem, uma das pontas da tubulação feita fica em terra e a outra, no mar. A ponta da tubulação que está no mar é acoplada à draga. Através da estrutura, a areia que foi buscada pela embarcação na jazida pré-definida em projeto é levada até a orla, no processo de bombeamento”, explica.
Além das questões estéticas provenientes do alargamento da orla, a obra também gera benefícios econômicos para a região. Em Balneário Camboriú, por exemplo, local onde a obra já foi finalizada e entregue, houve um aumento na frequência de visitação além da valorização de imóveis acima de 20%. Já no Balneário de Matinhos, no Paraná, onde a obra ainda está em andamento, somente na temporada de verão de 2023 os comerciantes sentiram o incremento no movimento de turistas, principalmente nos finais de semana, aumentando assim as vendas no comércio. “Inclusive a associação de pescadores de Matinhos aguarda com ansiedade a finalização total das obras, pois além de aumentar o espaço, haverá condições de guardar seus barcos, que até o ano passado, eram deixados praticamente no asfalto”, relembra o diretor.
Como na maioria das obras realizadas pelo grupo Jan de Nul no Brasil, a de Meaípe, além desses benefícios, as intervenções de engenharia visam principalmente conter o avanço da alta erosão decorrente dos processos de urbanização das faixas de praia, implicando em condições de instabilidade as quais acarretam a perda de areia ao longo da costa através da dissipação de energia de ondas em região mais distante da costa.
Além da intervenção na praia propriamente dita, em muitos casos, há necessidade de construção de estruturas marítimas conhecidas com enrocamentos para maior longevidade do empreendimento, a exemplo do que ocorreu nas obras de Fortaleza-CE, Matinhos-PR e Meaípe-ES.
Como essas obras são indutoras de desenvolvimento, destaca-se que em todas as localidades supracitadas as intervenções de engenharia vieram acompanhadas pelo reestabelecimento da restinga e modernização dos ativos públicos da orla (ciclovia, calçamento, praças, quiosques, …).
Segundo Dupuis, a obra de Balneário Camboriú por exemplo, era discutida desde a década de 70, “mas na época a ideia não foi levada adiante por falta de tecnologia no país”, completa. No final da década de 80 o tema voltou às discussões devido ao efeito das ressacas, bem como o aumento das construções.
A expertise da Jan De Nul traz na bagagem uma história que atravessa gerações. Com atuação mundial, a primeira obra de dragagem foi realizada em 1953, na recuperação de 530 mil m³ de materiais dragados para a rodovia de Bruxelas – Ostende.